Sobre aprender a se conhecer

Carolina Fernandes
3 min readJan 9, 2020

Passei este final de ano em um retiro no Ceará, onde pude experienciar diferentes tipos de vivências de autoconhecimento: amorosas e dolorosas, densas e sutis, silenciosas e estridentes. Entre reflexões e celebrações, colhi muitos aprendizados e alguns deles eu compartilho aqui.

  1. Meditação não precisa ser em silêncio, existem várias meditações dinâmicas.

Tenho muita dificuldade de entrar em estado meditativo sozinha e minhas opções se limitavam a músicas, mantras e processos guiados. Descobri o quão maravilhosas são as meditações ativas, que incluem a liberação das energias, dos pensamentos e acalmam a agitação para então chegarmos num lugar interno mais silencioso. Para isso existem práticas como a Meditação Dinâmica e a Kundalini, onde soltamos tudo o que precisamos dançando, pulando, chacoalhando, gritando e até dando socos e chutes na almofada. É libertador. Vale ressaltar que nessa filosofia a dança e a música são consideradas divinas, pois nelas podemos nos perder completamente, esquecendo que existe cantor e dançarino, entrando em um estado de totalidade.

2. A imensidão de recursos dos nossos 5 sentidos.

Possuímos um leque de opções sensoriais que podem nos ajudar a saber mais sobre nós mesmos e termos mais prazer na vida, mais energia, mais tranquilidade. Se soubéssemos aproveitar a potência de um aroma, o que ele pode fazer por nós em termos de estímulo e de cura… Sobre o tato, mais especificamente sobre o nosso corpo: você conhece todos os pontos do seu corpo que te podem te proporcionar uma sensação de prazer? Reflexões simples e nada óbvias, pois trabalhamos num nível muito básico de consciência sensorial. Lembrei de quanto o sertanejo que toca no Uber diário drena minha energia, quantas vezes como coisas gostosas sem prestar atenção ao sabor, e da inspiração que me trazem quadros coloridos nas paredes de casa — e de quão brancas elas estão. Mas para usarmos os sentidos a nosso favor, precisamos essencialmente estarmos presentes no aqui e agora.

3. O quanto acumulamos energia no corpo e não nos damos conta.

Temos 7 centros energéticos no nosso corpo, que são os chakras, ferramentas poderosas e disponíveis para acessarmos quando quisermos. Muitas vezes as coisas não estão fluindo pra nós (ex. abundância que não chega ou problemas de relacionamento) ou até dores inexplicáveis e não percebemos que algum canal energético no nosso corpo pode estar bloqueado. Fizemos inúmeras atividades de mentalização nesses pontos, junto a exercícios de movimento que acalmaram ou estimularam as energias. Lá mesmo vi várias pessoas que pararam de sentir dor e, em mim, já vi pequenas mudanças de padrões de pensamentos.

4. Como dar amor e cuidado é mais fácil que receber.

Temos tanto medo de rejeição e abandono, que nos protegemos a ponto de acreditarmos que somos auto-suficientes e não precisamos de nada que venha dos outros, damos conta de tudo sozinhos. Quem nunca ficou sem graça em ganhar um elogio ou um presente? Observando o grupo, ficou claro que também acreditamos não sermos merecedores de amor, carinho e cuidado. Uma importante conclusão foi a que quando nos abrimos para receber, também estamos oferecendo a oportunidade ao outro de dar.

5. Respeitar o meu processo.

Muitas vezes nos violentamos ultrapassando nossos limites e desejos em busca de pertencimento. Fui fazer um Temazcal (a Tenda do suor) logo que cheguei, afinal estavam todos lá, incluindo as minhas amigas. Durante a jornada me deparei com um desafio emocional gigantesco, o qual não consegui suportar e saí no meio do processo. Fiquei mal, me achando incapaz, fraca. No dia seguinte, me disponibilizei para uma sessão terapêutica também profunda, através de meditação guiada, onde acessei lugares ultra sombrios e de muito sofrimento. E foi maravilhoso. Senti aquela plenitude que só encontramos quando ficamos cara a cara com o medo, mas de um jeito que funciona pra mim. Além disso, sabemos que tomar chás de plantas e outros processos intensos não são garantia de desenvolvimento, o que importa é o que você faz com isso depois.

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