Outras formas de ver confiança

Carolina Fernandes
3 min readNov 4, 2021

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O que é confiança para você? Antes de responder, saiba que existem mais definições sobre confiança do que sobre amor. Então, é bastante possível que você e as pessoas com quem você convive não tenham a mesma compreensão sobre o tema. Para a autora e expert no assunto Rachel Botsman, confiança é um sentimento que faz com que nos aproximemos do desconhecido.

Confiança para lidar com a incerteza

E é exatamente esse “desconhecido” que nos tem feito falar tanto de confiança nos últimos tempos: a constatação de que é baixa confiança nas organizações, na política, e até mesmo nas relações pessoais. Estamos vivendo tantas incertezas e mudanças constantes que precisamos da confiança para atravessá-las — o que Rachel chama de Salto de Confiança. Ex. Não sabemos o que vai acontecer nos próximos meses em relação à pandemia, então precisamos confiar na OMS, nas autoridades pró ciência, na vacina, no uso de máscaras e lavagem das mãos para que não haja uma nova onda arrasadora.

Já “saltar” para a incerteza é inovar, aprender, se desenvolver. Confiando que assim, seremos pessoas melhores, conseguiremos lidar melhor com as questões que emergem ou, simplesmente, na confiança de que uma tarefa será realizada.

Às vezes dá certo, outras, não. Quando a outra parte não cumpre o acordo, você pode simplesmente não querer mais assumir riscos e não confiar mais na pessoa. Ou você pode tentar alinhar novamente as expectativas e dar outra(s) chance(s). Ou, ainda, no caso de você ter quebrado a confiança, fazer movimentos para que confiem em você novamente.

E com esse movimento de assumir riscos e lidar com as respostas, podemos dizer que confiar é, de alguma forma, fazer gestão de riscos.

Os resultados da confiança são quantificáveis

É interessante que para alguns autores, confiança seja uma moeda. Para Rachel, se dinheiro é a moeda das transações, confiança é a moeda das interações.

Já Stephen Covey, no livro Velocidade da Confiança, acredita que confiança é uma variável invisível que está presente em todas as relações e no mundo organizacional ela pode ser vista como um imposto. Quando há muita confiança, existe um crédito, quando não, existe um débito. Quando há crédito, a gente vê inovação, sinergia, engajamento, bem estar. Quando existe débito, vemos poucos resultados, desengajamento, lentidão, pouca ou nenhuma inovação, etc.

Segundo ele, quanto maior a confiança, menor os custos e maior a velocidade com que as coisas acontecem. Ex. o excesso de reuniões e processos burocráticos quando a empresa e/ou a liderança não confia nos colaboradores

Logo, confiança resulta em algo que podemos mensurar e quantificar. A maior prova disso são os resultados que vemos nas organizações que trabalham a confiança: 40% menos de burnout, 50% mais de produtividade, 76% mais de engajamento, 60% a mais de pessoas gostando mais de seus empregos, 41% a mais das pessoas tendo maior senso de realização.

Afinal, confiança pode ser construída?

No mundo organizacional, geralmente acreditamos que confiança é algo construído. Com Rachel, aprendi que construção implica que você controle o processo. No entanto, se a outra parte não quiser, não há confiança, então ela sugere que nós troquemos “construir” por “ganhar” confiança.

E sim, podemos fazer vários movimentos para ganhar mais confiança da outra parte e também para conseguir confiar mais. Vou falar sobre isso no próximo post.

Esse texto foi escrito a partir do trabalho que eu e o Henry Goldsmid conduzimos na ClickSign.

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Carolina Fernandes